terça-feira, outubro 24, 2006

Clubes Atacantes - Treze Futebol Clube


TREZE

O clube de hoje é daqueles que começam logo na originalidade do nome. Treze, de se juntarem 13 pessoas para formar um clube. A mascote surgiu do número 13 também. Até Garrincha vestiu a camisola do Treze num jogo de apresentação.
Quando um dia a direcção decidiu mudar, ligeiramente, o nome do clube, houve muita polémica e uma votação com os socios e adeptos foi formulada. Conclusão: o nome continuaria o mesmo, com 4 votos pela mudança e 300 contra a mudança!!!
Leiam tudo mas principalmente a parte do ano de 1986 e as estórias de Helio Show, guarda-redes. Tem das histórias mais engraçadas de clubes, e como tal quase ninguém fica indiferente ao mesmo, embora seja um clube muito pequeno em termos de importância nacional.

O Treze Futebol Clube, foi fundado no dia 7 de Setembro de 1925, quando 13 pessoas se reuniram, na cidade de Campina Grande. O número de pessoas reunidas foi um acaso, não sendo premeditado, mas o sócio José Casado foi quem se lembrou de dar esse nome uma vez que era esse o número de associados presente. Nome que foi debatido e aceite por unanimidade dos presentes.

Foi decidido também que o clube teria de ter uma mascote e mais uma vez, alguém se lembrou de dizer algo diferente, e nesta parte falo um pouco de jogos populares, sorte e azar, brasileiros. O Brasil tem uma lotaria “ilegal” que para além de números inclui animais, e chama-se “Jogo do Bicho”. Alguém que jogava nessa lotaria lembrou-se que o 13 é o número do Galo. Foi então que mais uma vez foi decidido aceitar algo para o clube assim da estranha ideia de alguém. Assim a mascote do Treze é um Galo.

O primeiro jogo foi contra o Palmeiras no dia 6 de Novembro de 1925 e deu vitória por 1-0, num golo marcado no último minuto da partida.

Até 1936 os jogos eram realizados nos currais de gado, no denominado Campo dos Currais, mas de 1937 em diante deu-se inicio à organização dos campos em toda a área de Paraíba. Assim o Treze acabou por adquirir a àrea onde está situado o Estádio Presidente Vargas, onde ainda hoje joga.

O primeiro titulo estadual só surgiu em 1940, para fazer o bi-campeonato no ano seguinte. Mas outro titulo destes só em 1950 e o quarto só em 1966.

Pelo meio varios campeonatos da cidade foram conquistados, quase ano a ano.

Em 1961, o Treze conquistou o seu trofeu mais importante até ao momento, o torneio Pernambuco-Paraiba, ganhando ao Náutico, Santa Cruz, Sport Recife, Botafogo e Campinense.

Ainda nos anos sessenta, o famoso “pernas-tortas”, Garrincha vestiu a camisola do Treze num jogo de apresentação contra a selecção da Roménia.

Deve ser a equipa que mais vezes chegou a uma final e perdeu. Em 13 anos, de 1961 a 1974, chegou a 11 finais do campeonato estadual e só ganhou 1, em 1966. Mas nesse ano fez algo que nunca mais ninguém conseguiu, ganhou o campeonato sem derrotas, com 12 vitórias, 2 empates e 28 golos marcados contra 5 sofridos.

A equipa da altura tinha jogadores como: Chimbirra, Antonino, Dezoito, Tomires, Ibiapino, Romildo, Zoroá, Bezerra e o grande avançado, Cocó.

Em 1980, a direcção do Treze resolveu mudar o nome do clube para “ Treze Atlético Paraibano”, porém um movimento de adeptos, entre os quais se encontrava o fundador António Bióca, que liderava esse movimento, fizeram uma grande contestação, inclusivé quase chegaram a vias de facto com a direcção, e durante largo tempo o caso esteve feio, com os adeptos prometendo linchar o presidente.

No final conseguiu-se acalmar os animos propondo a mudança em votação entre todos os presentes, o resultado foi que o clube manteve intacto o seu nome original de “Treze Futebol Clube” com 300 votos contra a mudança e apenas 4 (todos da direcção) a favor da mudança. E assim se evitou males maiores.

A verdade é que isso fez com que o clube ganhasse vitalidade e conquistou 3 campeonatos estaduais de seguida, em 1981, 1982 e 1983.

Em 1986 outra das fases engraçadas da história do clube. O Campeonato Paraibano foi paralisado por causa do Campeonato do Mundo. Entretanto, ainda havia a maior festa de São João que permaneceu a todo o vapor, durante todo o mês.

Visando ganhar algum dinheiro extra, já que o pagamento dos salários ficou em perigo com a paralisação do campeonato, o guarda-redes Hélio Show abriu uma barraca de comes e bebes no Parque do Povo a pretexto de vender guloseimas e refrigerantes.
Mas por ali vendia-se tudo menos gelados, então outras coisas foram colocadas pelo guarda-redes e hábil comerciante, para servir aos frequentadores.

Resumindo: a cachaça, a cerveja, o rum e o uísque correram soltos na barraca de Hélio que, ainda por cima, vendia fiado aos seus companheiros de equipa, que depois pagariam tudo com o dinheiro do prémio de vitória na final do campeonato.

O adversário da final, o Botafogo levou o preparador físico Marcos Melo para João Pessoa, que colocou a equipa para treinar até à exaustão durante todo o mês de Junho e terminou "engolindo" a equipa trezeana, cheia de cerveja até o tronco e treinando apenas de expediente.

Assim o guarda-redes Helio Show ficou “a arder” com o dinheiro das bebidas ingeridas pelos companheiros de equipa, que tinham sido vendidas fiado.

Ainda Helio Show e suas estórias.

Um dos mais interessantes episódios do Helio, ocorreu em Campina Grande na decisão do Campeonato Paraibano de 1980, envolvendo Botafogo e Campinense. Era a terceira partida da série melhor de três, e o rubro-negro de Campina Grande, precisava ganhar o jogo, ao passo que o tricolor de João Pessoa seria campeão com um empate.

O guarda-redes do Belo, como é conhecido o Botafogo, era Hélio Show, um jogador bastante “rodado”. Fazendo jus ao nome, ele preparou um verdadeiro show para o jogo decisivo, em combinação com a direção do seu clube.

Ludibriando a arbitragem e os adversários, arranjou uma maneira de colocar algumas agulhas de coser nas suas luvas. O objetivo era furar a bola sempre que pudesse.

O Campinense atacava, e o chuto ía para fora, Hélio Show nem esperava pelo apanha-bolas. Ia busca-la, voltando abraçado a ela no maior carinho, mas era só "pra inglês ver". Enquanto a apertava amavelmente, furava-a.

Depois que a bola era novamente colocada em campo, o jogo só durava alguns minutos até alguém notar que ela estava a ficar vazia. O jogo era então paralisado para que se colocasse outra em campo e se deitasse fora a original. Com isso, no mínimo o jogo perdia um pouco o ritmo, porque o Campinense, que precisava de ganhar atacava sempre.

O árbitro ficava desconfiado de que alguma anormalidade estava a acontecer, a torcida do Campinense irritava-se, mas que podiam fazer? Ninguém provava nada.

Três bolas foram "carinhosamente" furadas por Hélio Show. Depois da terceira, não havia mais peça de reposição no estádio. O jeito foi parar a partida à espera de que alguma providência fosse tomada. O presidente do Campinense, Zé Aurino, sob protesto, teve que ir ao centro da cidade providenciar uma bola.

Reiniciado o jogo, após incômoda espera, o extremo esquerdo Reinaldo, do Campinense, pegou a bola na intermediária, de costas para a barra, matou no peito, executou o tiro, encobriu Hélio Show, que estava adiantado, e balançou as redes.

O show de Hélio terminou ali, pois faltavam três minutos para o final da partida e já não havia tempo para o Botafogo tirar o título ao Campinense.

Depois desse jogo, Hélio Show passou a ser conhecido como o guarda-redes “bola murcha”.

Continuando com o Treze, já em 1989, disputariam o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, conseguindo manter-se num 15º lugar final e em 14 jogos teve 3 vitórias 10 empates e 1 só derrota.

O ano seguinte foi péssimo acabando por nem se qualificar para a fase final sendo logo despromovido à Serie C.
Em 1991 mais uma história rocambolesca. A presidente da Federação Paraibana, resolveu suspender 6 jogadores do Treze nas finais com o Auto Esporte Clube, impossibiltando o clube de jogar no seu melhor nos três jogos que compunham a final, mesmo assim perdeu o primeiro apenas por 0-1, empatou o segundo 0-0 e venceu o último por 4-0. Como o número de golos não contava foi jogado um prolongamento nesse jogo e o Auto Esporte marcou o único golo da partida, por Cristiano, um jogador que estava de empréstimo do auri-negro. Cristiano rematou torto, a bola bateu no defesa e traiu o guarda-redes!!!


Ainda na decada de 90 entre os factos pitorescos da história do Treze, está um golo marcado pelo atacante Valério pelo campeonato paraibano, em Sousa, contra o clube local. Na ocasião, Valério teve que driblar até um director do Sousa que entrou em campo para tentar evitar o golo.

Em 1999 depois de alguns anos na Segunda Divisão Estadual, o clube reformulou a sua equipa e até o seu estádio.

Foi campeão estadual nos anos de 2001 e 2001. Na época de 2001 e segundo a edição de Julho da Revista Pacar, o Treze era o 45º clube do Brasil com maior número de adeptos, consequentemente o maior da Paraíba.

Em 2003 chegou pela primeira vez à Quarta fase da Taça do Brasil, derrotando o Ulbra, o São Caetano, o Coritiba e caindo aos pés do Fluminense em penaltys, depois de 0-1 no Rio Janeiro e vitória por 1-0 com golo aos 92 minutos do segundo tempo, que levou a decisão para 8-9 em castigos máximos.

O clube tem vindo a melhorar nos últimos anos e ganhou o Estadual em 2005 e em 2006. A vitória no Estadual deste ano faz com que o clube tenha 13 Campeonatos Estaduais ganhos.

Jogam na Serie C, a Terceira Divisão do Brasileirão, onde estão já na fase final chamada Octogonal. Em 3 jogos tem duas vitórias e 1 derrota, consequentemente lideram a classificação, com boas hipoteses de subir à Segunda Divisão, Serie B.

A Serie C começa na Primeira Fase, com 64 equipas divididas em 16 grupos de 4 conforme as zonas, passam os dois primeiros de cada grupo para a Fase 2 em que são 8 grupos também de 4 equipas, das quais novamente duas são apuradas por grupo para a Fase 3, divididas em quatro grupos onde novamente os dois primeiros são apurados, depois há então o Octogonal final, num só grupo de 8 equipas, havendo então o Campeão da Terceira Divisão ou Serie C, subindo juntamente com os outros 4 primeiros, para a Serie B ou Segunda Divisão.
O jogo entre o Treze e o Campinense é considerado o Classico Maioral, do Estado de Paraíba. Seguem umas imagens engraçadas com as mascotes das duas equipas. O Galo do Treze e a Raposa do Campinense.


O Estádio do Treze é o Presidente Vargas, mas só tem capacidade para 10,000 pessoas, por isso quando há jogos grandes ou finais estas partidas são jogadas no Estadio O Amigão, pertença do estado da Paraíba, com capacidade para 35,000 espectadores.


Palmarés:

13 vezes Campeão Paraíbano: 1940, 1941, 1950, 1966, 1975, 1981, 1982, 1983, 1989, 2000, 2001, 2005 e 2006.

1 vez Vencedor do Torneio Pernambuco-Paraíba: 1961.

1 vez Vencedor do Torneio Paraíba-Rio Grande do Norte: 1980

13 vezes Campeão do Campeonato da Cidade: 1925, 1926, 1927, 1928, 1929, 1940, 1942, 1945, 1947, 1948, 1949, 1957.

7 vezes Vencedor da Taça Cidade de Campina Grande: 1976, 1977, 1978, 1979, 1988, 1989, 1999.

2 comentários:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...